Necrológio de Irmã Rosa Bortolin

Ir Rosa Bortolin, Irmã Candelária como religiosa. Nome que lembra candeia, vela acesa, candelabro, luz e lembra, no seu caso, a devoção a Nossa Senhora das Candeias, festa celebrada no dia 2 de fevereiro. Seu nome de religiosa fora escolhido em homenagem à padroeira da paróquia de Nossa Senhora das Candeias de Indaiatuba, interior de São Paulo, lugar de seu nascimento. O título dado à Maria tem a sua origem no episódio da apresentação do menino Jesus no Templo, 40 dias após o seu nascimento. Os olhos do velho Simeão viram Jesus “como a luz que iluminaria todas as nações”, e a tradição da Igreja viu Maria como aquela que trouxe a luz, o candieiro ou a candeia que sustenta a luz que ilumina o mundo.

Esse nome que Ir. Rosa usou por muito tempo explica muitos aspectos de sua missão na Congregação de Nossa Senhora.

De origem italiana Rosa era uma das filhas de uma grande família de emigrantes da região de Veneto que se estabelecera no interior de São Paulo no início do século passado. Muito devota de Maria, Ir. Rosa conheceu e entrou na Congregação como postulante em 1949 e iniciou seu Noviciado em 1951 em São Paulo. Era amante da música e tinha uma voz muito bonita. Por isso estudou violino e um pouco de teoria musical apenas como principiante, porém foi participante por muito tempo do coral da Igreja da Consolação. Viveu em várias comunidades em São Paulo e desde 2009 se estabilizou na comunidade Sedes sempre cuidando e sendo cuidada pelas irmãs e auxiliares. Lembramos que entre suas muitas atividades Ir Rosa participou de uma missão acolhida pela Congregação no início da década de 1970 de formar pequenos lares para cuidar e educar crianças carentes. Viviam em pequenas casas com as crianças e eram suas mães no cuidado e no afeto. Com Ir Camila e Ir. Natalina (falecidas) Rosa participou por algum tempo desse projeto. Em seguida dedicou-se a ajudar como voluntária na creche das Irmãs de São Vicente de Paula, missão na qual permaneceu por muitos anos enquanto trabalhava como costureira na loja de modas ‘Prelude’ em São Paulo. Ir Rosa era uma mulher de variadas atividades e não hesitava em deixar uma para começar outra.

Aos 99 anos, idade em que faleceu ainda ajudava a lavar a louça da comunidade Sedes, acolhia sempre com um sorriso amigo as visitas que chegavam e passava horas na capela rezando o terço. Lentamente foi ensurdecendo e chegou até a surdez total que a limitou muito nos últimos tempos. Apesar disso conservou seu sorriso e seu abraço de acolhida a quem se aproximasse dela.

Inesperadamente caiu na própria comunidade e quebrou o fêmur. Depois da operação foi levada à Casa São Pedro Fourier onde entregou seu último suspiro.

Querida Rosa, nós suas irmãs somos gratas a Deus por sua vida singela e simples na Congregação. Você foi capaz de sustentar à sua maneira a luz de Jesus e ser como Maria, sua mãe uma candeia que permitiu a difusão mais ampla da luz do amor.

Na ação de graças, sua Irmã,

Ivone Gebara

São Paulo, 5/12/2022.